sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

"aponta para qualquer direcção à volta do Universo. Não interessa para onde apontes... e estarás a apontar de novo para ti"

Valentine Michael Smith


edit: para por os pontos nos i's

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Coisas

Coisas, as coisas. É tão vulgar falar-se de coisas hoje em dia. eu coisei a minha coisa depois do coiso ter ido ao coisado.
Coisas né?
Mas coisas são importantes! Tão importantes que recebem o digno nome de uma coisa importante: coisa!
É excelente! podemos sintetizar todo o que queremos numa só palavra... um sitio, uma pessoa, uma situação, um objecto, a realidade. Aquela coisa.

Desmistificamos todo o oculto numa simplificação extrema, tornamos todo o sentido muito restrito. Para quê falar de uma cadeira enquanto pode ser só mais um coiso?

Não? já chega de coisos? chateia? incultura? a realidade perde mais sentido do que ( não )tem? também acho. Deixemo-nos de coisas e passemos a tratar as coisas por tu. Quando falo com o computador digo sempre o mesmo: Oh computador, não me fodas. ( Olhem la o que seria dizer ao computador: Oh coiso, não me fodas ( até soava mal se alguém ouvisse e não percebesse a coisa! ))

Em resumo, as coisas são pobres e não facilitam a expressão da alma.

Coisas*

domingo, 21 de fevereiro de 2010

toc toc toc

"(galinholas)

O que não significa vai significar um dia destes. Mas significará uma coisa bastante diferente. Pensam que uma escada leva sempre a certa espécie de casa ou terraço, e são magnânimos admitindo alguma variação de formas e propósitos dentro dos termos das casas e terraços que há. Pois estão à vossa espera, senhores, casas e terraços que há. Pois estão à vossa espera, senhores, casas e terraços de estranhos sistemas arquitectónicos. Há mesmo a suspeita de tratar-se de uma escada esquisita, uma escada apenas para subir.
Mas dantes havia moral, dizem eles. Havia a moral de subir para ir ao terraço. Depois via-se a paisagem.
E era bonito?
Sim, havia metafísica, política e filosofia para ver.
E para que servia isso?
Ora, a gente ficava contente, porque entravam e saíam ideias pela cabeça.
Uma espécie de piquenique mental, não?
A metafísica, a política, a filosofia são matérias nobres.
Sim, senhores, obrigado.
Pois, e se a gente queria a casa, subia a escada e entrava na casa.
Também nas paredes, a filosofia, e etc.?
Sim, exactamente.
Olhem: não obrigado. Vou dizer-lhes: vai ser escada para subir e depois a gente ficará lá em cima a experimentar o transe do silêncio. Os senhores não percebem nada de destruições. Temos de aturar todo o aborrecimento de uma velha modernidade: Fernandos Pessoas, surrealismos, a política com metonímias, a filosofia rítmica, as religiosidades héréticas, as pequenas tradições de certas liberdades.
Acabou-se.
(O verbo impregnava a terra, a energia impregnava a terra).
Tudo isto é uma grande máquina circulatória, o aparelho digestivo, o sistema respiratório. Coisas do corpo que precisa de transe, êxtase. Essa é a significação. Estamos a trabalhar com instrumentos que abalam tudo. Há uma energia geral comutada à passagem pelo corpo. É uma comutação cultural. E afastem daqui o surrealismo. Afastem a metafísica, a política, as ideiazinhas de merda. Um transe. A palavra é uma provocação destinada a uma espécie de intransigência física. E que é o corpo senão ele mesmo?
Os poetas estão a avançar com uns vagares de galinholas.
Porra."


Herberto Helder

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A primeira coisa a fazer:

dar uma amostra do meu contributo para o blogue.

P.S. Ao lado do Play/Pause têm um link que vos dá acesso às legendas (subtitles) em português, caso precisem delas.